quarta-feira, 12 de maio de 2010



dia 17 de abril - aula aberta ( auditório da UFRB - Cachoeira/ Bahia)
e encerramento das atividades ( KAONGE/ DENDÊ)


dia 17 de abril - aula aberta ( auditório da UFRB - Cachoeira/ Bahia)


dia 17 de abril - aula aberta ( auditório da UFRB - Cachoeira/ Bahia)


dia 17 de abril - aula aberta ( auditório da UFRB - Cachoeira/ Bahia)

terça-feira, 13 de abril de 2010

a gratidão

A felicidade é uma questão de pontaria.




o tempo

Eu vim ao mundo para ter saudade.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Primeiros Pernaltas






Já temos nossos primeiros pernaltas, como havia dito no outro relato muitos revelaram uma aptidão para a perna de pau logo de início, estamos com a quinta-feira como dia oficial da perna de pau mas para dar conta da finalização e pensando qual seria a melhor estratégia para que o encontro com a perna de pau fosse algo mais do que um contato superficial que beira a recreação optamos por reforçar o treinamento dos que já estão andando para que eles se tornem multiplicadores desse saber, como é grande o número de participantes e não restam tantos encontros como seriam necessários para trabalhar mais profundamente com quem também quer mas precisa de mais tempo e atenção.

" Vou aprender a ler, pra ensinar meus camaradas..."

Acredito que esse método já é conhecido e aplicado nessas comunidades que sabem tão bem como trabalhar em coletivo, pra mim particularmente é emocionante ver as conquistas que estão sendo alcançadas pelos meninos e como é imediato o reflexo na relação com a consciência corporal e a auto-estima de meninos que chegaram olhando pro chão, tamanha timidez e agora olham pro alto e do alto experimentam outra perspectiva de si.




Fábio de Sousa.

Semana diferente.




Esta semana tivemos uma programação diferente alterada por um fato feliz e desejável e por um baita engarrafamento...

Dia 25, quinta-feira houve em Salvador uma apresentação do grupo de dança do ponto de Cultura no qual estão envolvidas a maior parte do integrantes de nossa oficina então foi de comum acordo adiarmos o encontro para o dia seguinte como o previsto mas...

No dia seguinte seguíamos pela BR324 a caminho do recôncavo quando paramos...tivemos que parar e ali ficamos parados na pista num congestionamento quilmétrico, aconteceu um acidente na estrada com uma carreta que tombou impedindo a passagem até que a pista fosse lierada mas até lá...bom, depois de três horas de engarrafamento só nos restou ligar para nossos amigos lá no Kaonge Dendê e cancelar o encontro.

Dia 27 sábado saímos de manhã para anciosos e rezando para tudo dar certo porque entramos na fase final de nosso projeto e estamos organizando o que estamos chamando de Aula Pública, para finalizar o trabalho c0mpatilhando o caminho que trilhamos até agora com os outros moradores das comunidades vizinhas e com quem mais quiser prestigiar. Neste dia sim, conseguimos nos encontrar e seguir a diante, nossa idéia é que o público veja um apanhado dos exercícios que trabalhamos nesse período o que inclui dinâmicas físicas para preparação do corpo, jogos lúdicos usados como atividades pré-expressivas e experimentações com personagens e propostas musicais material que surgiu como respostas das pessoas para as provocações lançadas.




Fábio de Sousa.

segunda-feira, 22 de março de 2010

fotos dos encontros 18, 19 e 20 de março











Sábado, 20 de março de 2010




Nesse dia, continuamos trabalhando com as provocações de ocupação do espaço, agora obviamente inserindo outros estímulos, tais como: qualidade de movimento na caminhada, tipos de caminhadas, e outros movimentos feitos em coletivo e em determinado tempo simultaneamente...Fábio guiou, ou melhor, orquestrou, essa dinâmica que aos poucos foi virando uma pequena célula de cena...os grupos foram divididos em dois pra facilitar o trabalho e também para que eles pudessem começar a exercitar o olhar, a observação do trabalho...Fábio usou um tambor e criou um pequeno código a partir dos toques: 1 toque significava uma coisa (parar), dois toques outra(pegar bagagem), três toque uma outra (respirar bem fundo juntos), e assim sucessivamente...a idéia desta dinâmica é que com o tempo consigamos mesmo criar uma pequena orquestra cênica" com quadros se formando e se desformando apenas pelos toques do tambor...este exercício com certeza estará presente na nossa aula- apresentação.


Em, seguida, partimos para a grande provocação do dia, que tinha sido feita na semana anterior: tinhamos proposto que eles trabalhassem criativamente a partir de uma letra de música ('Jesus', de Pedro Luiz e a Parede) recriando a melodia, a harmonia, e inclusive podendo alterar a letra, acrescentando referências deles...eles não tinham conseguido se reunir durante a semana, alegando que tiveram muitas atribulações (como vocês podem perceber, o tempo é corrido pra todos...em São Paulo ou no Recôncavo Baiano, tanto faz...) . Então demos um tempo, para que cada grupo (eram três) trabalhassem e criassem sua versão da música, inclusive pensando na maneira de apresentá-la aos outros....

Sugerimos apenas que todas as apresentações fossem feita no meio do descampado em frente ao Ponto de cultura, tendo a exuberância da mata e do horizonte como cenário...

Cada grupo criou sua versão, eles trabalham bem em coletivo, essa é a vida deles, afinal...mas foi bom ouvir depois no final, cada grupo falando do seu processo de criação, e perceber, que as dificuldades de se criar coletivamente sempre aparecem e são sempre as mesmas, seja aqui na comunidade quilombola do Recôncavo ou no processo colaborativo do teatro de grupo paulistano.

ronaldo serruya


fotos dos encontros 18, 19 e 20 de março







Sexta-feira, 19 de março de 2010:


Começamos os trabalhos como sempre: reza e canto. Após o ritual de início, pequeno aquecimento. Dessa vez começamos em duplas, um de frente para o outro. Eu mesmo formei as duplas, pois queria evitar que as crianças trabalhassem entre si, e assim, dispersassem mais rápido...e assim, criei duplas bastante heterogêneas...e propomos o exercíco da marionete, um maipulando o outro (alternadamente) através de fios invisíveis, primeiro sem sair do lugar e depois experimentando deslocamentos...o manipulador podia propor o que quisesse apenas direcionando com a mão o lugar de onde o fio estava saíndo, e o manipulado tinha que entrar no jogo, tentando no corpo esse deslocamento, descobrindo novas formas de trabalhar as articulações e partes do corpo...

Após isso, propusemos uma dinâmica de ocupação do espaço. Com objetos que eles haviam trazido a partir de uma das primeiras provocações ( bagagens, malas, trouxas, tudo que desse a idéia de viagem e deslocamento), cada um experimentava maneiras de andar e carregar essas bagagens..todos experimentaram as bagagens de todos...no final, pedi que cada um escolhesse a melhor imagem que tinha criado. Durante esse exercício, Fábio propõs a eles várias imagens a partir da imagem inicial deles...foi assim que uma trouxa na perna virou uma 'bunda' avantajada, que um dos meninos virou uma 'mochila ambulante' levando todos os pequenos pacotes no corpo, e uma esteira virou chapéu, casa, capa, etc...

E no final do encontro, fizemos nossa primeira dinâmica envolvendo texto e técnica narrativa...com um pequeno texto narrativo distribuído para 4 atores (nesse primeiro momento, escolhemos propositalmente, os meninos mais novos: Iuri, Gabriel, Fábio e Ednaldo, todos em torno dos 10, 11 anos). Os 4 estavam fazendo o mesmo personagem, num espelhamento e em projeção típicos da narrativa...eles tinham pontos atrás deles..cada um dos meninos era guiado por uma outra pessoa, que lhes soprava no ouvido o texto..com isso eles iam apreendendo o texto aos poucos, e pelas entonações destes pontos...repetimos o procedimento várias vezes, sempre dando outros estímulos...achamos ser uma maneira mais legal do que simplesmente pedir a eles que decorassem suas falas...
ronaldo serruya

fotos dos encontros 18, 19 e 20 de março


mais uma semana de trabalho, nossa 4a semana, estamos exatamente fechando a primeira parte do ciclo, caminhando para o encerramento da oficina que acaba no dia 17 de abril com uma aula-apresentação.

na quinta feira, dia 18 de março, trabalhamos com a perna de pau, Fábio comandando os trabalhos...é o dia instucionalizado para o trabalho com a técnica da perna de pau...alguns já começam a dar os primeiros passos, parados na marcha, ou arriscando deslocamentos no espaço...Fábio orienta, percebe no corpo de cada um o que é possível melhorar pra que eles dominem melhor o aparelho...eles se estimulam, se excitam, se descobrem poderosos na assimilação de um novo conhecimento...bonito de ver...como só temos 5 pernas de pau, e somos muito, sempre dividimos os trabalhos de maneira que quem espera não fique ocioso...nesta semana lançei uma provocação que seria registrada em vídeo, talvez como um material para o doc/making off...eles tinham que responder a seguinte pergunta: "O que você faria se só te restasse esse dia?" primeiro eles tinham que responder de maneira mais genérica, depois obrigatoriamente tinham que escolher uma coisa concreta, um sonho, algo que nunca fizeram e que aproveitariam o último dia de vida para fazer, e na última rodada todos teriam que escolher uma 'canção' para levar consigo, uma só, e cantar diante da câmera...as respostas foram variadas: divertidas, emocionantes, engraçadas, emocionadas, sérias, descontraídas, e eles iam se revelando, pouco a pouco...uns queriam andar de avião, outros pilotar uma moto, alguns até queriam patinar no gelo....que beleza é o desejo humano...como diria Adélia Prado: "o corpo é humilde..."
p.s: acima, foto da cancela de entrada da comunidade do kaonge, cancela esta que tem servido de apoio a todos os que se equilibram na perna-de-pau, com o olhar sempre atento de JUVANA, que diz que se quebrarmos esta cancela, ai, ai.....
ronaldo serruya

segunda-feira, 15 de março de 2010

fotos dos encontros 11, 12 e 13 de março




no nosso terceiro dia, após a reza, ,migramos para baixo da mangueira, onde coordenei o aquecimento corporal. trabalhamos um pouco também, com a percepção do espaço e tempo coletivos. depois disso, fizemos uma dinâmica em duplas, onde criamos pequenas partituras corporais. após cada dupla mostrar a sua célula criativa, ronaldo organizou o grupo e orientou a apresentação da provocação lançada no dia anterior. espalhados no espaço, um a um anunciaria a sua proibição. em resposta, o grupo se manifestaria corporalmente com um gesto/movimento surgido na dinâmica anterior e, logo em seguida, a pessoa continuaria sua fala, dando a justificativa do ato proibido. todos participaram do exercício e nos divertimos muito, inclusive percebendo sinais de nosso possível roteiro.

voltamos à sala de aula. apresentamos uma música, sugerida por ronaldo e fábio, chamada JESUS, gravada por Pedro Luís e Ney Matogrosso. empolgados, cantamos e conversamos a respeito do conteúdo da composição. lançamos uma nova provocação pra próxima semana: divididos em grupo, eles iriam inventar um novo arranjo, uma nova melodia, com liberdade de interferir, inclusive, em alguns versos da letra original.

ao final do dia, tivemos um papo bem importante com todos. falamos da nova etapa - a construção do trabalho final: a nossa aula - apresentação. esclarecemos as pequenas mudanças necessárias na oficina para focarmos nisso e ressaltamos a importância do comprometimento com esse novo momento. ananias, coordenador do ponto de cultura que estava presente durante esse dias, acompanhando nossas atividades, ratificou o valor dessa etapa. o grupo se manifestou com disposição e alegria para essa nova fase. encerramos a semana com a certeza de novos desafios nesse próximo momento. ronaldo e fábio, juntamente ao grupo, no corpo a corpo. eu, do lado de cá, atuando junto, pensando artisticamente, coordenando e trabalhando na produção e na finalização do projeto e dando o pontapé inicial do nosso doc/ making off.

oxalá nos guie! seguimos na fé, com a força dos orixás que têm nos conduzido com todo amor e proteção, afirmando em nós, o desejo de continuarmos na certeza de que tudo é como tem que ser, passo a passo, no tempo da natureza. salve, salve!

ana paula bouzas





nosso segundo dia inciou-se, como sempre, com nossa roda de oração - graças! (é sempre um aprendizado escutar as palavras dos moradores desse lugar. tanta luz e sabedoria na simplicidade e economia do que é dito - conexão direta com a essência da vida). em seguida, do lado de fora, ronaldo iniciou a prática com uma dinâmica corporal onde trabalhamos a dissociação dos movimentos, a partir do trabalho isolado das partes do corpo. pura alegria. corpos se descobrindo vivos, estranhos e divertidos movendo-se livremente pelo espaço. logo após, fábio conduziu exercícios de voz , apresentando novas ferramentas ao grupo. extendemos essa atividade, inspirados na desenvoltura de todos: exploramos a idéia de intenção e projeção (voz e corpo) na atuação. fechamos a bateria de exercícios com um jogo lúdico onde o grupo criava máscaras, corpos e vozes diferentes, personagens estranhos, e compartilhavam suas criações com todo o grupo, experimentando também, as construções propostas pelos outros. partimos depois pra dentro da sala, onde recebemos os novos "estranhos estrangeiros". uma riqueza deliciosa de tipos e discursos.


finalizamos o dia, apresentando a seguinte provocação: sorteamos várias espécies de proibições. ex: é proibido subir em árvore/ é proibido reunir em círculo/ é proibido olhar no espelho, etc. para cada uma dessas proibições que criamos, cada um pensaria na sua justificativa para aquela que tivesse sorteado. pedimos segredo absoluto. fazia parte dessa tarefa para o dia seguinte.

encerramos mais uma vez com a gratidão pelo desenvolvimento iluminado do nosso trabalho.

ana paula bouzas




cá estou, de volta ao kaonge, depois de algumas semanas trabalhando à distância. muita saudade! a emoção é sempre arrebatadora. a sensação de nunca ter saído e ao mesmo tempo o olhar curioso descobre as pequenas grandes mudanças.

o ritual do início dos trabalhos se dá e, nesse momento, quando estamos todos de mãos dadas e faz-se o silêncio, a força da terra invade as plantas dos pés e como um rio caudaloso e quente, percorre o corpo todo, escorre pelas minhas mãos ao encontro das vizinhas, esquenta o peito, alcança o rosto. por fim, abre o meu sorriso, molhando os olhos fechados que despertam confortados por aquela benção e, ávidos, conferem a grandeza desse encontro. agô!

depois da nossa oração, neste primeiro dia de trabalho da semana, partimos para o espaço ao ar livre e fizemos um aquecimento corporal, liderado por fábio - preparativo para o treinamento com a perna de pau. em seguida, dedicamos um tempo a este treino, quando novos participantes da oficina puderam vivenciar essa experiência. enquanto isso, reunimo-nos com outra parte do grupo - os que já haviam utilizado as pernas e os que aguardavam a sua vez - dentro da sala de aula, a fim de realizarmos um bate papo. estamos trabalhando no registro desse processo, tendo em vista a realização de um doc/ making off. começamos neste dia, a colher alguns depoimentos do grupo a respeito do projeto. lancei a seguinte pergunta: "como soube da oficina de teatro e o que sentiu ao saber que esse trabalho seria desenvolvido na comunidade durante três meses?". registramos as respostas e comentários surgidos. novas questões apareceram. após a conversa, voltamos a reunir o grupo todo e apresentamos as tarefas e provocações pros próximos dias: para o dia seguinte, assistiríamos os outros "estranhos estrangeiros" que estavam no aguardo da "fila de entrada". finalizamos o dia em roda, agradecendo a oportunidade de novamente estarmos juntos.

ana paula bouzas

Ritual do início dos trabalhos

Aqui na comunidade do kaonge, todos os trabalhos começam com orações e cantos, uma espécie de agradecimento pela oportunidade da troca, do aprendizado, do crescimento...se louva a idéia da parceria, o que só mostra o quão inteligentes somos...por perceber que é só acabando as fronteiras que viveremos um mundo melhor...

a música cantada é uma música que rege todos os trabalhos desta comunidade, recebida pela líder espiritual do lugar, a JUVANA, e chama-se "Força da paz". a seguir a letra da música e acima, um vídeo que mostra um dos inícios do trabalho e a explicação de JUVANA sobre a música.

Força da paz

que cresça sempre, sempre mais
e viva a paz
e acabe as fronteiras...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Estranhos Estrangeiros...




Nome: Toni


Procedência: África


Objetivo: desenvolver pesquisa com o Mel da região do Kaonge. (embora morra de medo das abelhas...)

Estranhos estrangeiros


Nome: Guigui
Procedência: Angola
Objetivo: ensinar dança afro e os toques de tambores de sua terra à comunidade dançante do Kaonge.

Estranhos estrangeiros...




Nome: Fabiane
Procedência: Rio de Janeiro (ela é carioca, ela é carioca...)
Objetivo: desenvolver um projeto de meio ambiente na comunidade (mais precisamente na área do manguezal)

Estranhos estrangeiros...




Nome: Cristine (ou Mi)
Procedência: Polemalia
Objetivo: ensinar o artesanato de sua terra natal para a gente bonita do Kaonge.

Estranhos estrangeiros...


Nome: Cristian
Procedência: Portugal
Objetivo: arrumar uma posição de meio-campo no time do Kaonge.

Estranhos estrangeiros...




Nome: Daniellis


Procedência: África do Sul

Objetivo: conhecer a comunidade bonita do Kaonge.

Estranhos estrangeiros...




Nome: Zana Zafili


Procedência: Índia


Objetivo: ensinar membros da comunidade a arte da tapeçaria Persa.

Estranhos estrangeiros...


Sábado, 06 de março de 2010

Nesse dia, após o ritual de reza e canto para o início dos trabalhos, concentramos e aquecemos através de dinâmicas e jogos, e partimos rapidamente para o trabalho expressivo... Tínhamos lançado uma provocação no dia anterior que era a seguinte: eles iriam compor personagens de estrangeiro...Para isso eles podiam lançar mão de tudo que se precisa para compor personagens: figurinos, gestuais, falas, jeitos de caminhar, nome, sobrenome, lugar de procedência e um objetivo, ou seja, o que aquele estrangeiro veio fazer na comunidade... sugerimos, Fábio e eu, que eles criassem uma língua própria, ou falassem com sotaque...eles ficaram bastante motivados com a idéia de 'encarnar' personagens...seria a primeira vez que faríamos isso...até então trabalhamos com narração, memórias, reminiscências...Naquele dia eles iriam falar, andar e dizer o nome de outro em nome do estranho estrangeiro...

Essa provocação teve como base uma situação do romance de Mia Couto, "Antes de nascer o mundo", que serve como referência ao trabalho. No livro, em determinado momento acontece a visita de uma estrangeira que abala os alicerces de Jesusalém (cidade criada e inventada por um personagem do livro, o patriarca Silvestre Vitalício).


Ronaldo Serruya.

p.s.: acima, uma foto das Estranhas estrangeiras que foram visitar a comunidade do Kaonge Dendê, em pleno Recôncavo baiano.

Perna de pau




sexta, 05 de março de 2010.


Estas imagens abriram o trabalho com a perna de pau no Kaonge Dendê nessa sexta-feira e falei sobre o antigo uso desse aparelho conhecido nas cidades através dos circos e dos artistas de rua mas um pouco distante da realidade dali...nem tanto. A maioria das pessoas quando vê uma perna de pau diz: Ah eu andava nisso aí quando era criança... mas era diferente; foi assim também que conversando descobrimos que já haviam experimentado andar em pés de lata, brincado com pedaços de madeiras com apoio para os pés e seguros pelas mãos.


Depois de imagens e curiosidades sobre o tema e uma demonstração sobre a perna de pau foi a hora de experimentar, levamos para o ponto de cultura 4 pernas de pau :uma pequena com cerca de 50cm de altura, outras duas com 80cm e a minha que tem um metro de altura.


Todos experimentaram a perna menor por se sentirem mais à vontade e também porque estamos tralhando com faixas etárias diferentes, bom...muito bom...aliás bem bão! Assim que eu avalio esse primeiro contato com a perna de pau depois que a Daniela colocou a perna experimentou a "marcha", que é o passo inicial para se equilibrar na perna de pau, e ensaiou seus primeiros passos os outros se empolgaram e todos demonstraram grande habilidade pro assunto, vamos ver como segue o trabalho.


p.s.: 05 de março de 2010 foi o dia do meu aniversário, e quero publicar aqui minha feliciade e gratidão por estar aniversariando no Kaonge Dendê, trabalhando e enriquecendo minha bagagem na boa estrada vermelha.


Sou muito grato por este presente, sou muito grato por estar presente.

Fábio de SouSa.

as atividades...




Capoeira: a partir das ações, canto dança o grupo responsável por retratar a capoeira fez uma roda no descampado e convidou todos pra jogar e dançar...

eu vivia em cativeiro
eu vivia em cativeiro
e chamava por meu Deus
óia, enquanto eu chamava
camarada
e me ensinou capoeira...

As atividades....









O grupo da atividade religiosa reproduziu através de ações e cantos, em linhas gerais, o ritual da festa do Velho, ou Festa de São roque, uma homenagem ao pai Obaluaê, festa que acontece todos os anos no terreiro do Kaonge.

a seguir uma das músicas do ritual , que no exercício foi cantada por Juvania, a líder espiritual do lugar.:


O velho Omolú não come
ele dá de comer
a quem tem fome...

Os trabalhos continuam... 4 de março de 2010







Então, dando seguimento a continuidade dos trabalhos, faço um resumo das atividades que aconteceram na semana de 4, 5 e 6 de março de 2010:

4 de março: nesse dia começamos o trabalho como sempre..é uma espécie de ritual..nos organizamos em roda e fazemos uma oração, e em seguida cantamos a Força da paz (música recebida pela líder espiritual do lugar e que rege todos os trabalhos que acontecem por lá..a letra e vídeo desse momento estarão postadas aqui). Depois fizemos um trabalho de concentração e de corpo comandado pelo Fábio, feito em duplas, e que culminava com cada um escolhendo um animal e reproduzindo em seu corpo as suas respectivas características: gestos, movimentos, locomoções...em seguida todos dançavam o seu animal, tendo os atabaques do terreiro como estímulo sonoro..os tambores soaram ao comando do Anderson e da Joca, e aves, galinhas, cachorros, cavalos, cobras, sapos e afins movimentavam-se na roda....exercício bastante revelador das inibições e travamentos corporais, mas que todos realizaram com impressionante desenvoltura...
em seguida fizemos uma diagonal comandada por mim e que consistia basicamente em uma caminhada que era repetida pela pessoa posterior com a indicação de que ela o deveria fazer tentando imitar o corpo do outro...reproduzindo ou acentuando determinada característica corporal...esse exercício é sempre uma festa, pois ele possibilita de maneira lúdica que possamos fazer um corpo que não é nosso, e imitar o companheiro é sempre uma tentação..mas é também um exercício revelador pois mostra como todos nós, sem exceção, temos vícios corporais, e que o trabalho consiste em conhecê-los, tomar consciência deles e usá-los a nosso favor. Essa dinâmica também coloca outra questão bem mais séria: a da compaixão..ora, as vezes coincide de um menino imitar uma menina ou ter que usar trejeitos que na sua escala de valores o coloca em situação desconfortável...isso é uma armadilha a se evitar..a idéia de imitar é uma pré-idéia de construção de personagem..nesse sentido não há possibilidades de críticas ou julgamentos...o que salva é mesmo o exercício da compaixão: olhar o outro com o olho do outro. Foi bom poder falar disso com eles..

em seguida fomos pro trabalho expressivo: eles tinham se dividido em grupos na semana anterior e cada grupo iria apresentar uma atividade relacionada a comunidade.
Assim, tivemos três grupos:, que se apresentaram na seguinte ordem:

1. Atividade religiosa: esse grupo trouxe a festa do Pai Obaluaê, ou Festa de São Roque, a Festa do Velho, que aconteçe todo ano no terreiro.

2. Atividade de trabalh0: esse grupo mostrou como se faz o azeite de dendê, todas as etapas, esta é uma atividade de sustento da comunidade por muito tempo...

3. Capoeira: este grupo mostrou a capoeira, com cantos e demosntrações da dança..

acima temos fotos das dinâmicas...
Ronaldo Serruya